Como já publiquei anteriormente a Primeira Semana de Educação para a Vida foi um sucesso. Os alunos da 7ª série C sob orientação da professora Andréia Conti, de Leitura e Produção de Texto, fizeram uma releitura do episódio “Crianças da América” – que faz parte do filme “Crianças Invisíveis” – em que é abordado o drama de uma menina vítima da AIDS, e conseqüentemente de preconceito, em uma escola pública nos EUA.
Foi selecionado o texto abaixo para representar a série, elaborado pela aluna Amanda Miranda de Jesus pela qualidade e sensibilidade apresentadas. Parabéns a professora pela iniciativa e a aluna pelo ótimo texto.
Preconceito Além do Limite
Acabei de chegar em casa, meu pai estava trancado no banheiro com a minha mãe o que me deixou preocupada...
Eu tentei abrir a porta, mas meu pai se assustou, fechou-a e começou a gritar comigo.
Eu fui pro meu quarto sem entender nada, e a minha mãe veio me acalmar porque eu me assustei.
Então falei pra ela que eu havia passado mal a manhã inteira e ela já me perguntou se eu tinha tomado o remédio que eu tomo, um remédio ruim que eu não sei porque eu tenho que tomá-lo. Ela diz que é por causa de um problema que eu, ela e meu ai temos no sangue, mas ela nunca me diz a verdade.
Ela me deu o remédio e pediu pra eu ir me deitar, eu não quero dormir, não entendo porque ela tem essas atitudes estranhas.
Ela está lá na cozinha, disse que ia fazer uma coisa, meu pai saiu pra esfriar a cabeça.
Então eu dormi, e o resto do dia foi tudo normal, graças a Deus.
Já amanheceu, lá vou eu pra escola e mais um dia de sofrimento me espera...
Na escola foi, como sempre, muito humilhante, todos me descriminando por algo que nem eu sei. Me chamam de filha de viciados, de menina doente e muitas outras coisas.
Mas esse dia teve uma coisa de diferente, cheguei da escola em silêncio pois eu havia escutado gritos, minha mãe e meu pai brigando, o que não tem nada de anormal. Dessa vez havia algo, que explicava exatamente tudo que na minha cabeça era confuso...
_ Eu não me drogava antes de você aparecer na minha vida, você me passou essa maldita doença e me fez passar pra minha filha. Foi você, a culpa é sua ! – minha mãe disse naquele momento, eu não pude, eu não consegui pensar em nada, apenas que meu mundo, ou a vida sofrida que eu tinha desabou!
Como assim? Era tudo verdade, o que todos falavam, eles não estavam mentindo!
Meu pai então, se exaltou com a minha mãe, quando ele levantou a mão para bater na minha mãe eu não sei como, peguei a primeira coisa que eu pude ver em minha frente e joguei, sem medo que fosse machucar um dos dois. Eu apenas queria que eles parassem, que me ajudassem, pois eu não sabia o que fazer.
Minha mãe então se tocou, eu havia escutado tudo! Não tudo mas o bastante para que tudo se esclarecesse e escurecesse ao mesmo tempo.
Antes, de mais nada, ela correu pra me segurar antes que eu caísse e não levantasse mais.
Nós choramos juntos, e com o abraço dela eu pude me sentir segura, confusa ainda mas segura. Ela ainda era minha mãe, sangue de meu sangue, meu refúgio.
Meu pai em desespero, saiu pra ver se dava um espairecida, como sempre.
Fomos pro meu quarto, e pra mim, o dia acabou ali, naquele meu sono.
Hoje as coisas melhoraram, meus pais estão se tratando contra as drogas.
Daqui a pouco eu irei para o meu tratamento, um grupo de adolescentes portadores do mesmo vírus que eu, o HIV. Hoje é meu primeiro dia, eu não sei o que vai acontecer, mas creio que será muito bom pra mim. De qualquer forma, eu conto quando eu chegar, tô indo!
Cheguei lá, foi legal saber que eu não estou sozinha nessa, não sou a única. Fiquei com vergonha, mas com o tempo eu me acostumei.
Um ano depois...
Agora estou com dezessete anos, meus pais estão recuperados, e eu aprendi a conviver com a minha doença, minha vida está melhor, temos uma ótima casa, tenho um ótimo namorado, e, nada poderia ficar melhor.
Essa foi a minha história, não a primeira e nem a última, mas uma história com um final feliz!